Friday, February 10, 2012

46. IMIGRAÇÃO E GOVERNO DE SALVAÇÃO NACIONAL


LITTLE PORTUGAL  - LONDON  UK
DA IMIGRAÇÃO

1 A Folhinha de Stockwell vai novamente dar mais umas dicas sobre a vida de imigrante, sobretudo como se fixar no estrangeiro, especialmente em Inglaterra, e  sem se aleijar. A Folhinha pretende deste modo preparar o imigrante para uma vivência no plural, e sensibilização para horizontes novos  e desafiantes.

2 A Folhinha reafirma que trabalhar no estrangeiro por algum tempo é bom para a cidadã e é bom para Portugal. Há livre circulação dos cidadãos  europeus, utilizem este privilégio! Recordem-se que tal não era permitido antes da Revolução de Abril, e, mesmo com tal proibição e perigos inerentes, muitas aldeias de Portugal esvaziaram-se nos anos 60, não ficou lá praticamente ninguém. A fuga de grupos para França era organizada em segredo, partiam de noite. Mas no dia seguinte, ninguém abria a boca, mas toda a gente sabia quem tinha fugido, menos os guardas do regime fascista.
    

 (Info: SantanaLopes respondeu  ao seu adversário de debate  televisivo que comparou o discurso de Santana ao  de Salazar: Salazar era a sua tia. A Folhinha gostaria de saber quanto o Sr. Aníbal Lopes pagava à nanny do Pedrinho, ou se era a sua tia  que lhe dava o biberão e a chupeta).  



3 E quando a informação lhes chegava aos ouvidos, eles e elas já iam por essa Espanha fora. Eram  entregues a passadores locais que conheciam o terreno, evitavam o contacto com a guarda civil durante as várias etapas do percurso, a pé por vales e montes e também em automóveis e camionetas. Nas montanhas, escondiam-se durante o dia em casas velhas, nas silvas e matas, e, com sorte, chegavam a França  dentro de uma, duas, três semanas.

 Havia muito trabalho em França, sobretudo no bâtiment, usines, nettoyage,  ménage, dans les fermes, partout, quoi.  A Polícia Francesa bem os via chegar,  sabia que eram ilegais e que tinham chegado assalto, mas tinham ordens dos políticos no governo para não lhes tocarem. Deixavam-nos ir à vida deles e até lhes indicavam o caminho! Começavam logo a trabalhar e a enviar dinheiro para as famílias em Portugal. Depois arranjavam a Carte de Séjour na Préfecture e ficavam legalizados. Nesta altura, a França tirou Portugal da miséria. 

4 A Folhinha já disse noutros artigos que viver no estrangeiro envolve sempre separação da família, amigos, e de um meio envolvente que conhecemos. Isto significa sofrimento, nostalgia. No entanto, sempre houve, por diversas razões,  correntes migratórias ao longo da história da humanidade. Não é esta a razão que leva a Folhinha a falar convosco hoje, mas sim de alertar para procedimentos que possam ajudar, e também para registo e sensibilização de práticas sociais diferentes.

5 Para evitar más surpresas, por vezes muito desagradáveis, convém preparar, planear a partida.  A melhor partida seria aquela em que você já tem família no estrangeiro ou amigos que possam dar uma ajudinha.  Um simples empurrãozinho pode significar um bom arranque neste período difícil. 

Seria também muito importante obter informação no centro de emprego da sua área em Portugal. Eles podem lá ter informações primordiais que nem sequer lhe passam pela cabeça. E.g. terá direito ao desemprego num país da União se tiver previamente trabalhado noutro país comunitário? No Reino Unido já teria tido esse direito e talvez ainda tenha. 

6 Lembre-se que a legislação europeia sobrepõe-se às leis individuais dos países da União. A Folhinha de Stockwell pensa que cabe ao cidadão ter iniciativa, e resolver os seus próprios assuntos,  Porém a Folhinha é a favor da protecção dos trabalhadores. Têm de ter direitos e estes têm de ser respeitados, ou então seria a lei da selva. Muitas vezes não conhecemos os nossos direitos, porque nós trabalhamos noutras áreas, não estamos sensibilizados, nem fomos instruídos sobre a legislação laboral. Por isso é necessário que outras pessoas se ocupem destas regras complicadas. 

(Info: Portugueses detidos em Espanha por escravizarem outros portugueses e magrebinos. Muito Lindo! In Jornal o Público 10/2/12)

7 Lembre-se que os direito europeu privilegia a circulação de trabalhadores europeus, e, na promoção desta circulação  tiveram  de dar garantias, incentivos. Portanto, os nossos privilégios nos países da União derivam do nosso Estatuto de Trabalhador e não de turista. Esses direitos ou privilégios do Trabalhador estendem-se até aos pais, sogros dependentes e descem até aos filhos dependentes. E tudo isto no sentido de incentivar a circulação da cidadã e do cidadão europeus.  Os outros cidadãos também têm direitos, mas a Folhinha deixa esse assunto para eles explicarem, porque até conhecem melhor.

8 Depois desta introdução concisa, se você quiser sair de Portugal, meta-se a caminho e não se esqueça do bilhete, do passaporte ou Cartão do Cidadão, cartão do banco e folhas de pagamento do seu último trabalho, porque poderão fazer falta.  Se ainda não tem trabalho, procure, sobretudo no Job centre da sua área, onde se deve inscrever e talvez tenha direito ao subsídio de desemprego.  

Porém, você só terá direitos em Inglaterra, se viver aqui. Portanto terá de provar  que de facto reside na Inglaterra e não anda a fazer turismo: quando arranjar casa, ou se viver em casa de alguém, tente pôr qualquer factura em seu nome: o gás, ou a electricidade, ou o telefone, porque os serviços púbicos exigem estas provas. Ou poderá mostrar um extracto bancário em seu nome. Mas para abrir conta bancária, também precisa de mostrar provas de residência. Dentro do possível, faça tudo certinho e não facilite com trafulhices, porque isso depois pode complicar-se e não dar certo.

9 Um caso de figura prático para imigrar é por exemplo arranjar emprego em fábricas de embalagem e etiquetagem de produtos agrícolas em zonas rurais. Isto pode ser feito de várias maneiras: por vezes vão recrutar trabalhadores a Portugal, nos centros de emprego em Portugal, ou poderá procurar na Net e pedir trabalho. O conhecimento da língua inglesa no caso da Inglaterra é sempre uma mais valia. 

Estas unidades fabris dispõem de hostels de alojamento com rendas baratas, e até de cozinhas e cantinas. Se tiver juízo na bola até poderá economizar muito dinheirinho para um rainy day. Se se sentir um pouco explorado, porque há trabalhos árduos, tenha em mente que isso pode ser apenas uma situação provisória, uma espécie de trampolim para começar aqui nova vida. Também é aprendizagem da vida, mas cuidado com exageros: situações de escravidão devem ser denunciadas imediatamente! Nunca ande sozinho, e mantenha-se sempre em contacto com alguém, como medida de segurança.

10 Pense sempre que poderá encontrar trabalho em qualquer parte do mundo através da internet, e visitar os lugares virtualmente. Com a abertura dos mercados europeus às empresas da União, há empresas portuguesas  a  trabalhar na Europa, portanto é mais uma possibilidade. O trabalho sazonal sempre existiu, só que agora é mais fácil para os europeus circularem no mercado do trabalho. 

Na maior parte dos casos não irá enriquecer, também não é preciso, mas poderá viver bem e sem lhe faltar nada do que é essencial à vida. O mais importante será de poder respirar fundo, e sem grandes preocupações se você não  tiver ambição desmesurada e doentia. Ainda não há contadores de ar em Inglaterra, e também é de graça. Não ria porque não tem havido contadores de água individuais, e quando os instalam até se paga menos. A Folhinha já pensou em fazer o washing-up com vinho porque parece que sai mais barato!

11 Depois de conhecer o sistema, e adquirir confiança em si, você é livre de procurar melhores trabalhos. Não se preocupe se de início for um pouco complicado. Já tenho encontrado por aqui pessoas que não suportaram o choque, e regressaram imediatamente a Portugal. Outros até tinham profissões, mas poucos ou nada tinham de conhecimentos da língua inglesa, e também se piraram daqui para Portugal. Mas esses são uma minoria, e, em geral, as pessoas sabem para o que vêm e estão preparadas para lutar.  Pode-se dizer que hoje temos Portugueses espalhados por todos os cantos de Inglaterra, trabalhando e levando uma vida de cidadão normal, exemplar e de respeito pelas leis deste país  de acolho.

12 Quando começar a trabalhar em Inglaterra, entre imediatamente em contacto com o DWP (Ministério do Trabalho e Reformas) para lhe atribuírem o cartão do National Insurance Number, uma espécie de Número do Contribuinte. Se tiver um contrato de trabalho peça logo este cartão, porque vai precisar deste número para muita coisa.   Registe-se também no GP (centro médico) da sua área para lhe tratarem da saúde, literalmente.

13 A Folhinha aconselha, depois de terem habitação e trabalho,  a resolverem o problema da língua inglesa, e não faltam aqui escolas de ESOL (Inglês para falantes de outras línguas). Cada vez são menos subsidiados devido aos cortes no financiamento público, e estes cursos podem sair caros. 

Meta o nariz  num dos  centros comunitários da sua área, porque estes centros têm lá muitas actividades gratuitas, inclusivamente cursos de ESOL. Há um bom centro comunitário nas traseiras do metro de Stockwell, ao lado do GP, o SCRC, onde há uma enorme comunidade portuguesa. Mas esta passa em frente do centro e nem sequer se  apercebe daquilo que lá poderá aprender, desde computadores, língua inglesa e muito mais.  Leia também outros artigos informativos da Folhinha sobre o sistema social inglês.


14 A Folhinha não acredita que Portugal não possa satisfazer as necessidades básicas da população, e que os cidadãos nacionais passariam fome se não saírem do país. Se, de facto, as pessoas têm mesmo de imigrar por razões de sobrevivência, então isso é gravíssimo, e neste caso, seria imperativo declarar situação de catástrofe provocada por má gestão, e  formar um GOVERNO DE SALVAÇÃO NACIONAL.

 Primeira Lei: dar de comer a quem tem fome, e um telhado aos sem-abrigo  Acabem-se as vaidades e respeite-se a dignidade humana!  Se fosse só uma escassa minoria a passar mal, poder-se-ia sugerir que isso seria um problema pessoal de alguns indivíduos falhados. Mas essa situação de carência parece ser muito mais generalizada, e, neste caso, isso deve-se a uma rotura no sistema, e não é culpa das vítimas. 

15 Portanto a DIGNIDADE DAS PESSOAS SEM EMPREGO E EM SITUAÇÃO PRECÁRIA FICA INTACTA, E NÃO TÊM NADA QUE MENDIGAR. É DEVER DO ESTADO DE PROMOVER E LIDERAR UM MOVIMENTO DE SOLIDARIEDADE NACIONAL,  A FIM DE MANTER A DIGNIDADE E RESPEITO DA NAÇÃO. EXPULSAR AS CIDADÃS E CIDADÃOS DO PAÍS SERIA COMO EXPULSAR OS FILHOS DE CASA NA ALTURA EM QUE ELES SÃO MAIS VULNERÁVEIS. SERIA  EMPURRÁ-LOS PARA UM PRECIPÍCIO. SÓ DEVE IMIGRAR QUEM QUISER, MAS NÃO À FORÇA! 


20 A Folhinha termina com uma nota positiva e de esperança. Portugal precisa de políticos carismáticos, inspiradores e capazes de mobilizar a população em torno de um Projecto de Salvação Nacional no qual  as pessoas acreditem. Para isso é preciso honestidade, coragem política e grande poder de comunicação. A situação do país é catastrófica e é preciso recorrer a mensagens fortes, convincentes e honestas. Antes de tudo é imperativo proceder à limpeza da casa Portugal, seja, banir a corrupção e reavaliar certos salários, reformas e outros privilégios que acorrentam o país. 

Propõe-se que  o subsídio de desemprego seja reduzido para  o rendimento de reinserção social para todos os desempregados, mas atribuído por um período indeterminado, desde que provem que andam genuinamente à procura de emprego. Terão ainda assistência na renda da habitação e auxílio básico e suficiente para as crianças. Isto porque se as pessoas não têm o suficiente para  sobreviverem, ninguém as consegue mobilizar para nada. Em seguida, desenvolver um grande projecto educacional e de requalificação da população.

21 O projecto educacional não só desenvolve novas aptidões na população, uma mais valia de grande utilidade e prazer para as pessoas e para o país, mas também dá esperança, ocupa as formandas/os  e as formadoras/es. Neste projecto convém utilizar o tecido associativo para provisão destes serviços de formação, porque são outlets de proximidade e também diminui a índole formal das escolas.  

Seria importante que os nossos políticos lessem um simples resumo do New Deal do Presidente Roosevelt nos anos 30. Com isto não conseguiu relançar a economia, porque esta parece ter os caprichos da chuva, cai quando quer, mas deu esperança, ocupou as pessoas, pôs tudo em movimento com um projecto de renovação de infra-estruturas,  financiou as artes… Foi porém uma fase muito difícil para muita gente.

22 Last but not least,  lembremo-nos de que Portugal já existia antes de 1143, embora com outro nome, existiu até agora e continuará a existir no futuro. Ultrapassará esta fase complicada. Seria todavia no interesse de Portugal continuar na zona Euro, mas com novas regras, e sempre aberto ao mundo, especialmente aos países Lusófonos, como é a nossa vocação, tradição  e interesse. 


16 Todavia, o Povo Português sempre gostou da aventura e de conhecer outros mundos. Somos um país de DIÁSPORA. Só que a imigração presente é uma imigração na aldeia global e o contacto é LIVE, no momento, agora e já, devido às tecnologias de comunicação de baixo custo e fáceis de aprender: em minutos. O contacto virtual estabelece-se em fracções de segundo! E a distância física também encurtou substancialmente com o  desenvolvimento da rede viária, férrea e generalização do transporte aéreo. Imigrar já não é um drama e até pode ser privilégio e fonte de grande prazer.  

A TODOS OS IMIGRANTES E NÃO IMIGRANTES, A FOLHINHA DESEJA MUITA FELICIDADE E SORTE.
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