ARTIGO DO JORNAL PÚBLICO PT, 18 DE DEZEMBRO DE 2012 REPRODUZIDO NA ÍNTEGRA SEM AUTORIZAÇÃO DO DITO JORNAL. ELES AUTORIZAM.
A FOLHINHA PERGUNTA AO AUTARCA QUE IDEIA SIBILINA O FEZ REGRESSAR A PORTUGAL QUANDO ESTAVA TÃO BEM NO CANADÁ? fOI MAIS UMA EXPERIÊNCIA E VIU QUE AQUILO NÃO TEM SOLUÇÃO COM AQUELA GENTE A GERIR UM PAÍS QUANDO NEM A UMA SIMPLES LOJA DE SAPATOS FARIAM FUNCIONAR SEM ABRIR FALÊNCIA NO DIA SEGUINTE.
A FOLHINA ACONSELHA O AMIGO AUTARCA A TER JUÍZO, A DEIXAR-SE DE UTOPIAS AVENTUREIRAS E A FICAR TRANQUILO EM TORONTO, SE É QUE AINDA LÁ O QUEREM E NÃO O RECAMBIAREM PARA PORTUGAL À PAPO SECO. LOL.
Crise leva presidente da Junta de Castelo de Neiva a pegar na mala para voltar a emigrar
Dezoito anos depois de ter voltado à terra de pescadores que o viu nascer, Augusto Bandeira, de 49 anos, volta a partir para o Canadá, para “não cair em desgraça”.
Em Maio passado, Augusto Bandeira sofreu o primeiro grande revés desde que decidiu voltar a Castelo de Neiva, em Viana do Castelo, há 18 anos. A crise económica em que o país mergulhou e o impacto da introdução de portagens na A28 arruinaram-lhe o negócio que tinha montado com a mulher.
O restaurante que abriu na freguesia onde se tornaria presidente de junta em 2009 fechou as portas. O investimento de 400 mil euros foi por “água abaixo” e seis pessoas foram atiradas para o desemprego.
A mulher, que tinha investido na formação como cozinheira, não esperou muito e partiu rumo ao Canadá, onde o casal já esteve emigrado durante 15 anos. Augusto foi resistindo, em nome dos compromissos assumidos com os eleitores. Mas a falta de perspectivas de recuperação económica não lhe deixou alternativa senão voltar a emigrar também.
“Eu não posso estar num país onde tenha que roubar o Estado. Para continua a exercer a actividade de empresário da restauração, seria obrigado a defraudar o Estado português, nomeadamente pela não declaração de todos os rendimentos auferidos”, comenta.
O bilhete de avião para o Canadá está marcado para o próximo dia 24. À sua espera, em Toronto, já tem emprego, como administrador de uma empresa.
“Que ninguém pense que estou a fugir. Não me resta outra solução. Não sou só obrigado a partir, sou empurrado para fora do meu país, para não cair em desgraça”, afirma, angustiado.
Eleito nas últimas autárquicas pelas listas do PSD, partido no qual milita há seis anos, Augusto Bandeira suspendeu o mandato de presidente da junta por três meses e escreveu ao primeiro-ministro. Em jeito de despedida, na carta registada e com aviso de recepção que remeteu a Pedro Passos Coelho, Bandeira diz que é com “tristeza” que constata pertencer a um partido que, “neste momento, está a ser obrigado a destruir famílias, sem se perspectivarem quaisquer melhorias a médio/longo prazo”.
Dizendo que rasgar o cartão de militante do PSD não está nos seus planos, confessa-se, no entanto, desiludido com a política e com os políticos. “São muito rascas. Temos uma classe política que tem muito a aprender.”
Na carta a Passos Coelho, o antigo empresário diz recear que “a actual situação se venha a agravar, por não existirem políticos interessados na função pública, entendida como serviço à nação, sem formação de gestão e cujo interesse se centra em manter um statu quo que, com a conjuntura económica que o país atravessa, será ruinoso”. “Se um dia as coisas mudarem, conto regressar ao meu país”, acrescenta.
De partida para o outro lado do Atlântico, Augusto Bandeira diz ter deixado o trabalho de autarca todo organizado. Preparou o plano de actividades e orçamento e deixa, nas mãos do tesoureiro, Paulo Torre, a missão de olhar pela freguesia, para já, durante os próximos três meses. “Depois vou renovando [a suspensão do mandato] até às eleições, e não devo recandidatar-me. Quero acompanhar os meus colegas sempre que possível e vou tentar regressar para as assembleias", adianta.
Augusto Bandeira não esconde a frustração por não ter concluído a rede de saneamento básico ou a desejada obra no portinho de pesca, onde ocorreram vários acidentes mortais nos últimos anos, apesar das verbas comunitárias prometidas ao abrigo do Polis Litoral Norte. Aliás, na carta enviada ao primeiro-ministro, volta a lembrar Passos Coelho da urgência da intervenção.
Voltar à vida de emigrante não estava nos planos do empresário e autarca, que diz ficar à espera de uma resposta de Passos Coelho, na volta do correio, às palavras que lhe endereçou. “Apesar de simples, foi uma carta sentida.”
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