Friday, February 24, 2012

47. O SITEMA JUDICIAL INGLÊS E GALÊS


LITTLE PORTUGAL - STOCKWELL- LONDON- south lambeth road- UNITED KINGDOM

DOS TRIBUNAIS  England & Wales

1 Num mundo ideal e de cidadania perfeita, todas as cidadãs teriam o privilégio de acesso ao conhecimento sobre o funcionamento dos corpos administrativos que regem o Estado e a sociedade. Infelizmente, só um número restrito dos cidadãos foi sensibilizado e instruído em  assuntos superiores. A população em geral anda a leste, sujeita a cair em armadilhas a todas as esquinas de rua, porque tem havido interesse em manter a população em quase iliteracia sobre os órgãos de gestão pública.

 2 A televisão pública não tem feito praticamente nada a nível de instrução cívica, tendo privilegiado o entretenimento de modo abusivo. Não tem evoluído, parou no tempo e virou curta visão. Muitos programas são verdadeiramente um  insulto à inteligência. Todavia, a utilização da internet abre as portas a virtualmente tudo quanto quiser aprender a um preço acessível, e até gratuito se a sua biblioteca local dispuser de computadores e acesso público à Internet. A própria Folhinha de Stockwell pode ser lida na Net a todo o instante.

3 A FOLHINHA DE STOCKWELL aconselha a não se meterem em sarilhos. Podemos não conhecer o trâmites da LEI, mas todos sabemos mais ou menos quando estamos em transgressão criminal.  Fraude nos subsídios é crime porque isso é lesar os outros cidadãos, e o Estado tem por dever proteger os impostos pagos pela população. Se fizer alguma e pensar que os agentes de aplicação da LEI são  estúpidos e que você lhe enfia a peta que quiser e eles engolem, então está enganado(a). Cuidado com as surpresas. Você até pode andar metido em alguma avaria e a LEI já a saber o que você anda a tramar. Logo lhe deitam a mão, porque você pode já  estar na lista de espera. Infelizmente  também por aqui há muita  malandragem.  Depois de o/a caçarem você está em maus lençóis, literalmente. É como se lhe caísse o céu em cima e andará colado às suas costas praticamente toda a vida. Vai ficar traumatizado(a), e depois fica com o registo criminal sujo, e terá de declarar isso por um período de 5 anos quando procurar trabalho, etc. Pense nas implicações na sua vida se tiver uma condenação. E  se apanhar uma condenação superior a um ano de prisão, o  SEF inglês vai tentar a sua expulsão deste país, seja você europeu ou marciano.
                                                                                                   
4 Em Inglaterra e País de Gales há “Tribunals e Courts” (a comunidade diz que foram à  côrte. Terão certa razão, ou não terão).  Os Tribunals decidem processos  civis e não criminais, como por exemplo, decisões judiciais sobre quem fica com a guarda de crianças em casos de divórcios, conflitos profissionais, de trabalho, conflitos entre o cidadão e Autoridade Local (municípios), certas dívidas, etc.  Nisto, os “County Courts” também têm esta função.  O processos não são desencadeados em nome da Regina (Queen), mas sim em nome do Queixoso ou Requerente contra um Respondente.

5 Como verá mais abaixo, os processos criminais são levados  à “Court” pela Rainha, pelos seus executantes, porque HM (Sua Majestade) the Queen representa o Estado.  E este Corpo tem por dever de proteger as cidadãs/os,  punir os culpados/as pelo crime que praticaram, e para mostrar o que acontece  quando se perde o juízo. A vítima não tem que se preocupar com custas de Tribunal nem em procurar advogado. Apenas apresenta queixa na polícia e conta a sua versão dos factos. O processo começa já a decorrer, e em caso de haver provas de identificação do/a infractor/a, você será depois chamada a relatar os factos em Tribunal. Certamente que o advogado de defesa da ré ou réu irá tentar demonstrar que você inventou tudo e não está a dizer a verdade. Isto é assim mesmo e é a função do advogado do alegado infractor/a, porque acredita na inocência deste.

6 O “Magistrates´ court” é um tribunal criminal de primeira instância por onde passam obrigatoriamente todos os processos criminais.  Curiosa ou não curiosamente, os juízes destes tribunais são leigos, quer dizer, são pessoas civis como o FOLHINHA e você. Dão-lhe uma formação de alguns meses e brevemente você senta-se no Tribunal a decidir processos, decretar multas por conduzir bêbedo, decretar uma proibição de se aproximar da casa conjugal por ter dado uma bofetada na esposa, ou metê-lo na prisão por um período não superior a 6 meses. Estes juízes, juízas não cursaram nas faculdades de direito, mas muitos deles cursaram noutras.  São em geral pessoas oriundas da classe média, as quais exercem outras funções na vida profissional.  Enquanto juízas, são voluntárias no exercício desta actividade altamente cívica, e não auferem salário. Ajudas de custo.  Isto é o equivalente das Juízas de Paz recentemente introduzidas em Portugal. A razão das Juízas leigas é para dar a ideia que não é a autoridade estatal que decide os julgamentos, que condena:  são  os pares da ré, do réu, são pessoas do povo, da sociedade civil. Veremos mais adiante que  a mesma coisa acontece com os 12 jurados no Crown Court (Tribunal da Coroa: tribunal criminal mais elevado do que o Magistrates´).

7 Devem ter observado que a Folhinha utiliza por vezes palavras femininas com a intenção de representarem também o elemento masculino. Isto deve-se ao facto de as palavras masculinas englobarem, na maior parte dos casos, o  elemento feminino. A  Folhinha decretou igualdade e aplica.

8 Não se preocupe com a laicidade destas juízas, porque se elas tiverem dúvidas sobre procedimento jurídico, têm mesmo em frente delas, sentadinha a uma secretária, uma profissional em direito, a clerck (pronuncia-se cláque, porque o r londrino não se lê nestes casos), a escrivã, a qual nunca pára de trabalhar na gestão do processo durante a audiência, e tem sempre o “radar” ON.  Em geral, a audiência tem três juízas/es, a do meio preside. É de admirar a profunda  sensibilidade e o modo sensato, justo, e rápido como despacham os julgamentos. E não caem na retórica sofística  e confusa dos advogados (solicitors e barristers).  O Sócrates de Atenas detestava os sofistas, porque estes ensinavam retórica, tida com arte de utilizar a linguagem para enganar, e cobravam pelas aulas. O Sócrates ensinava de graça nas ruas de Atenas, conduzia o interlocutor à verdade pela maiêutica. O desgraçado acabou condenado à morte por envenenamento pela Assembleia de Atenas, acusado de corromper a juventude e por não venerar os deuses da Polis. O erudito filósofo octogenário talvez tivesse salvado a pele se tivesse sido defendido por um “sofista”. Lembro ou informo que o Tribunal não é o edifico, mas sim o conjunto de profissionais reunidos numa sala de  audiência. Um tribunal pode reunir em qualquer parte.

9 Foi dito que todos os casos criminais começam  no Tribunal de Magistrados com Juízas leigas, não profissionais de Justiça. As Juízas enviam certos casos para o CROWN COURT por várias razões. Um dos  casos é devido a este Tribunal não ter poderes para condenar um criminoso a mais de 6 meses de prisão. Em audiência preliminar será perguntado ao réu se está culpado ou não culpado. Se disser que  está culpado, então já não haverão audiências de  julgamento porque não é preciso ouvir ninguém par encontrar se está culpado ou inocente. Haverá apenas uma audiência para lhe lerem a sentença. Se a condenação não for superior a 6 meses os Juízes dão-lhe a pena consoante o crime, e tendo em conta as circunstâncias atenuantes, a “mitigation”.  Os advogados de defesa são todos bons nisto, encontram sempre desculpas para o procedimento criminal, só que as juízas têm muitas dificuldades em acreditar na “mitigation” quando  um sacana anda sempre a ser condenado pelo mesmo tipo de crime, por vezes em liberdade condicional. Se a moldura penal for superior a 6  meses, então o culpado irá receber  a condenação que ganhou ao Crown Court. 

10 Se o réu, ré se declarar não culpado, (not guilty), então o processo segue para julgamento. Os casos graves, tráfico de droga, agressões graves (GBH), homicídios são logo despachados com data marcada para serem ouvidos em Crown Court (Tribunal da Coroa).  Em certos casos o réu pode escolher o  Tribunal de Magistrados ou o Crown Court.  É preciso saber jogar, porque se for para o Crown Court poderá apanhar mais de 6 meses.  Há quem pense que há mais possibilidades de ser absolvido pelos doze jurados do Crown Court do que pelas Juízas laicas do Tribunal de Magistrados. Se estiver culpado/a é sempre difícil convencer alguém da sua inocência. Porque não há processo sem algumas provas, mesmo que sejam mínimas. Havendo provas fracas, o réu terá alguma chance de ganhar o processo mesmo que tivesse praticado a acção dolosa. Se as provas forem fortes, só não se declara culpado/a quem é parvo. Ao fim e ao cabo você não vai escapar aos escrutínio agudo das doze juradas do Crown Court, ou das 3 ou só uma Juíza em certos casos do Tribunal de Magistrados. Vai passar as passas do Algarve durante as audiências de julgamento e depois não terá direito a desconto de um terço da pena, porque o processo custou dinheiro, muito, ao Estado, quer dizer, às outras cidadãs, e também gastou tempo ao Tribunal.

11 O Crown Court (Tribunal da Coroa) é o Tribunal criminal onde têm lugar os julgamentos por crimes graves.  Quem não ouviu falar do histórico Old Bailey  perto de Saint Paul’s Cathedral. A Moll Flanders de Daniel Defoe escapou à forca,  à corda ao pescoço, na altura em que no Old Bailey funcionava  a prisão de Newgate,  porque ela estava de bebé e alguém conseguiu que fosse deportada para as Américas.  Muito lindo, leia. Por este Crown Court passa o piorio da raça humana: desde assassinos, terroristas, “rapists, serial killers, you name it”.  A Grande Londres é uma metrópole com quase tanta população como Portugal inteiro, por isso, tem muitos crown courts.  Estes tribunais estão espalhados por toda a Inglaterra e País de Gales.  O sistema judicial da Escócia é diferente e são também jurisdições diferentes. 

12 Já se falou dos jurados, os quais são 12 pessoas escolhidas ao acaso nos registos eleitorais, e notificadas com meses de antecedência para prestar serviço nos julgamentos. Todos os dias há centenas de jurados nos Tribunais de Londres a ouvir, e depois a decidir se os réus, rés estão culpados ou inocentes. Portanto nos Crown Courts não é a Juíza, Juiz que decide, mas sim os jurados,  (Jury de 12 pessoas). A função da Juíza é de arbitrar o julgamento no sistema “adversarial” dos Tribunais Ingleses e não inquisicional dos Tribunais Portugueses.  A Juíza/ Juíz, tendo a função de árbitro são figuras de grande respeito e não hesitam em dar raspanetes aos advogados, quando estes começam à caneladas no réu, quer dizer, a fazer perguntas guiadas e insinuações fora de contexto para desacreditar o réu. É uma das ocasiões em que a Juíza manda mais ou menos educadamente os causídicos a   mudarem de conversa, “you´ve made your point”, já chega. Os advogados também sabem que estão a pisar o risco, são repreendidos pelo Juiz, mas aquilo que disseram ficou dito, os jurados ouviram, e pode ser importante na tomada de decisão a favor ou contra o réu.  As audiências nestes Tribunais estão abertas ao público. Se algum dia for ver uma audiência, desligue o seu mobile se não quiser que lhe tirem a samarra se isso começar a tocar esses rings foleiros e pimbas lá dentro.

13 Se os jurados decidirem que o réu está culpado, está decidido e caso não haja recurso da decisão, o condenado receberá depois a pena decretada pela Juíza, depois de ouvir a “mitigation” da defesa.  Quer tenha cometido o crime ou não, porque há casos de julgamentos errados, o culpado terá se agir como culpado, porque é melhor para ele, ela. Contestar a decisão  sem recorrer (appeal) significa desrespeito pela LEI e pelo Tribunal. Isso não é nada bom. Diga o que disser, isso só se revolta contra si, porque o Tribunal é soberano e você está culpado aos olhos da LEI enquanto outro Tribunal não decretar o contrário. Poderá recorrer se encontrar um advogado que aceite, porque não é fácil ganhar em recurso. E nenhum causídico gosta de perder. Nenhum Tribunal gosta de revogar a decisão doutro Tribunal, mas acontece. Também, na maioria dos casos,  o recurso só prossegue se tiver havido falhas jurídicas no decurso do processo, e isso raramente acontece.  

14 Resumindo e concluindo, os Tribunais em Inglaterra existem não como  instrumentos de opressão, mas sim como forças de liberdade e de protecção das cidadãs e das liberdades individuais. É na liberdade de movimentação dos juristas e exercício jurídico livre nos Tribunais que se revela a maturidade democrática de um país e do Estado de Direito. A maturidade e civismo de uma Nação também se revela na conduta pacífica da população que não resolve os conflitos por mão própria e ao murro, mas que recorre aos canais e cânones do Direito nos Tribunais. 

PS: Notícia de última hora, 24/2/12: Julgamento em curso de um gangue no Old Bailey,  num caso de tentativa de homicído,  muito triste,  em que uma criancinha inocente ficou paralizada e  condenada a uma cadeira de rodas, só por se encontrar numa loja ao lado do café-restaurante Madeira, em Stockwell Road,  certamente com os olhinhos  fixados numa barra de chocolate, quando  o sacana, um desses estouvados que andam por aqui só a fazer mal à comunidade,  disparou os tiros.  

A criança foi atingida  no peito e só escapou à morte por milagre. Aquele a quem a bala era destinada não foi atingido e deve de andar por aí a rir à garagalhada. Imaginem só o drama da menina e da família. O Politicamente Korrecto  bulshit deste país consentiu que acabássemos nesta situação de quase impotência da Polícia no alastramento desta gangrena dos gangues Londrinos. E quem mais sofre são os   póprios gangues e suas famílias. Isto é, a guerra é mais entre eles, matam-se uns aos aos outros em vinganças e  controle de outras coisas..., só que nós, o público honesto que apenas queremos viver em paz e harmonia, apanhamos por tabela, assim como apanhou esta inocentinha. Bastards!  Esta escória só pode produzir e alimentar  o BNP e  a EDL.  

Mas Londres ainda é uma grande capital com muita segurança, onde dá gosto viver. É mesmo uma minoria muito pequenina que causa problemas. Infelizmente, há violência por esse mundo fora, e não menos do que em Londres. A grande parte da população é normal e ajuizada, igual a todos os países. 


Judge's warning over threat to jury in gang shooting trial


The judge in an attempted murder trial has threatened to ban the public from court amid a jury intimidation scare.

Judge Martin Stephens issued "a solemn warning" at the Old Bailey after receiving a note from jurors about an "incident" that had caused them "concern".

The jury agreed to continue in the trial of three alleged Brixton gang members.

The trio are accused of firing on a Stockwell shop, leaving five-year-old Thusha Kamaleswaran paralysed after a bullet hit her in the chest.

Their alleged target, rival gangster Shaun Bryan, was unhurt but a male shopper was also shot.

The judge said he would order arrests for "improper conduct" - including any approach, interference or intimidation involving the jury.
"If necessary I will order the public gallery to be closed for the rest of the trial and the public barred from court."
Nathaniel Grant, 21, Kazeem Kolawole and Anthony McCalla, both 19, deny attempted murder, wounding with intent and possessing a firearm with intent to endanger life.
The trial continues


Friday, February 10, 2012

46. IMIGRAÇÃO E GOVERNO DE SALVAÇÃO NACIONAL


LITTLE PORTUGAL  - LONDON  UK
DA IMIGRAÇÃO

1 A Folhinha de Stockwell vai novamente dar mais umas dicas sobre a vida de imigrante, sobretudo como se fixar no estrangeiro, especialmente em Inglaterra, e  sem se aleijar. A Folhinha pretende deste modo preparar o imigrante para uma vivência no plural, e sensibilização para horizontes novos  e desafiantes.

2 A Folhinha reafirma que trabalhar no estrangeiro por algum tempo é bom para a cidadã e é bom para Portugal. Há livre circulação dos cidadãos  europeus, utilizem este privilégio! Recordem-se que tal não era permitido antes da Revolução de Abril, e, mesmo com tal proibição e perigos inerentes, muitas aldeias de Portugal esvaziaram-se nos anos 60, não ficou lá praticamente ninguém. A fuga de grupos para França era organizada em segredo, partiam de noite. Mas no dia seguinte, ninguém abria a boca, mas toda a gente sabia quem tinha fugido, menos os guardas do regime fascista.
    

 (Info: SantanaLopes respondeu  ao seu adversário de debate  televisivo que comparou o discurso de Santana ao  de Salazar: Salazar era a sua tia. A Folhinha gostaria de saber quanto o Sr. Aníbal Lopes pagava à nanny do Pedrinho, ou se era a sua tia  que lhe dava o biberão e a chupeta).  



3 E quando a informação lhes chegava aos ouvidos, eles e elas já iam por essa Espanha fora. Eram  entregues a passadores locais que conheciam o terreno, evitavam o contacto com a guarda civil durante as várias etapas do percurso, a pé por vales e montes e também em automóveis e camionetas. Nas montanhas, escondiam-se durante o dia em casas velhas, nas silvas e matas, e, com sorte, chegavam a França  dentro de uma, duas, três semanas.

 Havia muito trabalho em França, sobretudo no bâtiment, usines, nettoyage,  ménage, dans les fermes, partout, quoi.  A Polícia Francesa bem os via chegar,  sabia que eram ilegais e que tinham chegado assalto, mas tinham ordens dos políticos no governo para não lhes tocarem. Deixavam-nos ir à vida deles e até lhes indicavam o caminho! Começavam logo a trabalhar e a enviar dinheiro para as famílias em Portugal. Depois arranjavam a Carte de Séjour na Préfecture e ficavam legalizados. Nesta altura, a França tirou Portugal da miséria. 

4 A Folhinha já disse noutros artigos que viver no estrangeiro envolve sempre separação da família, amigos, e de um meio envolvente que conhecemos. Isto significa sofrimento, nostalgia. No entanto, sempre houve, por diversas razões,  correntes migratórias ao longo da história da humanidade. Não é esta a razão que leva a Folhinha a falar convosco hoje, mas sim de alertar para procedimentos que possam ajudar, e também para registo e sensibilização de práticas sociais diferentes.

5 Para evitar más surpresas, por vezes muito desagradáveis, convém preparar, planear a partida.  A melhor partida seria aquela em que você já tem família no estrangeiro ou amigos que possam dar uma ajudinha.  Um simples empurrãozinho pode significar um bom arranque neste período difícil. 

Seria também muito importante obter informação no centro de emprego da sua área em Portugal. Eles podem lá ter informações primordiais que nem sequer lhe passam pela cabeça. E.g. terá direito ao desemprego num país da União se tiver previamente trabalhado noutro país comunitário? No Reino Unido já teria tido esse direito e talvez ainda tenha. 

6 Lembre-se que a legislação europeia sobrepõe-se às leis individuais dos países da União. A Folhinha de Stockwell pensa que cabe ao cidadão ter iniciativa, e resolver os seus próprios assuntos,  Porém a Folhinha é a favor da protecção dos trabalhadores. Têm de ter direitos e estes têm de ser respeitados, ou então seria a lei da selva. Muitas vezes não conhecemos os nossos direitos, porque nós trabalhamos noutras áreas, não estamos sensibilizados, nem fomos instruídos sobre a legislação laboral. Por isso é necessário que outras pessoas se ocupem destas regras complicadas. 

(Info: Portugueses detidos em Espanha por escravizarem outros portugueses e magrebinos. Muito Lindo! In Jornal o Público 10/2/12)

7 Lembre-se que os direito europeu privilegia a circulação de trabalhadores europeus, e, na promoção desta circulação  tiveram  de dar garantias, incentivos. Portanto, os nossos privilégios nos países da União derivam do nosso Estatuto de Trabalhador e não de turista. Esses direitos ou privilégios do Trabalhador estendem-se até aos pais, sogros dependentes e descem até aos filhos dependentes. E tudo isto no sentido de incentivar a circulação da cidadã e do cidadão europeus.  Os outros cidadãos também têm direitos, mas a Folhinha deixa esse assunto para eles explicarem, porque até conhecem melhor.

8 Depois desta introdução concisa, se você quiser sair de Portugal, meta-se a caminho e não se esqueça do bilhete, do passaporte ou Cartão do Cidadão, cartão do banco e folhas de pagamento do seu último trabalho, porque poderão fazer falta.  Se ainda não tem trabalho, procure, sobretudo no Job centre da sua área, onde se deve inscrever e talvez tenha direito ao subsídio de desemprego.  

Porém, você só terá direitos em Inglaterra, se viver aqui. Portanto terá de provar  que de facto reside na Inglaterra e não anda a fazer turismo: quando arranjar casa, ou se viver em casa de alguém, tente pôr qualquer factura em seu nome: o gás, ou a electricidade, ou o telefone, porque os serviços púbicos exigem estas provas. Ou poderá mostrar um extracto bancário em seu nome. Mas para abrir conta bancária, também precisa de mostrar provas de residência. Dentro do possível, faça tudo certinho e não facilite com trafulhices, porque isso depois pode complicar-se e não dar certo.

9 Um caso de figura prático para imigrar é por exemplo arranjar emprego em fábricas de embalagem e etiquetagem de produtos agrícolas em zonas rurais. Isto pode ser feito de várias maneiras: por vezes vão recrutar trabalhadores a Portugal, nos centros de emprego em Portugal, ou poderá procurar na Net e pedir trabalho. O conhecimento da língua inglesa no caso da Inglaterra é sempre uma mais valia. 

Estas unidades fabris dispõem de hostels de alojamento com rendas baratas, e até de cozinhas e cantinas. Se tiver juízo na bola até poderá economizar muito dinheirinho para um rainy day. Se se sentir um pouco explorado, porque há trabalhos árduos, tenha em mente que isso pode ser apenas uma situação provisória, uma espécie de trampolim para começar aqui nova vida. Também é aprendizagem da vida, mas cuidado com exageros: situações de escravidão devem ser denunciadas imediatamente! Nunca ande sozinho, e mantenha-se sempre em contacto com alguém, como medida de segurança.

10 Pense sempre que poderá encontrar trabalho em qualquer parte do mundo através da internet, e visitar os lugares virtualmente. Com a abertura dos mercados europeus às empresas da União, há empresas portuguesas  a  trabalhar na Europa, portanto é mais uma possibilidade. O trabalho sazonal sempre existiu, só que agora é mais fácil para os europeus circularem no mercado do trabalho. 

Na maior parte dos casos não irá enriquecer, também não é preciso, mas poderá viver bem e sem lhe faltar nada do que é essencial à vida. O mais importante será de poder respirar fundo, e sem grandes preocupações se você não  tiver ambição desmesurada e doentia. Ainda não há contadores de ar em Inglaterra, e também é de graça. Não ria porque não tem havido contadores de água individuais, e quando os instalam até se paga menos. A Folhinha já pensou em fazer o washing-up com vinho porque parece que sai mais barato!

11 Depois de conhecer o sistema, e adquirir confiança em si, você é livre de procurar melhores trabalhos. Não se preocupe se de início for um pouco complicado. Já tenho encontrado por aqui pessoas que não suportaram o choque, e regressaram imediatamente a Portugal. Outros até tinham profissões, mas poucos ou nada tinham de conhecimentos da língua inglesa, e também se piraram daqui para Portugal. Mas esses são uma minoria, e, em geral, as pessoas sabem para o que vêm e estão preparadas para lutar.  Pode-se dizer que hoje temos Portugueses espalhados por todos os cantos de Inglaterra, trabalhando e levando uma vida de cidadão normal, exemplar e de respeito pelas leis deste país  de acolho.

12 Quando começar a trabalhar em Inglaterra, entre imediatamente em contacto com o DWP (Ministério do Trabalho e Reformas) para lhe atribuírem o cartão do National Insurance Number, uma espécie de Número do Contribuinte. Se tiver um contrato de trabalho peça logo este cartão, porque vai precisar deste número para muita coisa.   Registe-se também no GP (centro médico) da sua área para lhe tratarem da saúde, literalmente.

13 A Folhinha aconselha, depois de terem habitação e trabalho,  a resolverem o problema da língua inglesa, e não faltam aqui escolas de ESOL (Inglês para falantes de outras línguas). Cada vez são menos subsidiados devido aos cortes no financiamento público, e estes cursos podem sair caros. 

Meta o nariz  num dos  centros comunitários da sua área, porque estes centros têm lá muitas actividades gratuitas, inclusivamente cursos de ESOL. Há um bom centro comunitário nas traseiras do metro de Stockwell, ao lado do GP, o SCRC, onde há uma enorme comunidade portuguesa. Mas esta passa em frente do centro e nem sequer se  apercebe daquilo que lá poderá aprender, desde computadores, língua inglesa e muito mais.  Leia também outros artigos informativos da Folhinha sobre o sistema social inglês.


14 A Folhinha não acredita que Portugal não possa satisfazer as necessidades básicas da população, e que os cidadãos nacionais passariam fome se não saírem do país. Se, de facto, as pessoas têm mesmo de imigrar por razões de sobrevivência, então isso é gravíssimo, e neste caso, seria imperativo declarar situação de catástrofe provocada por má gestão, e  formar um GOVERNO DE SALVAÇÃO NACIONAL.

 Primeira Lei: dar de comer a quem tem fome, e um telhado aos sem-abrigo  Acabem-se as vaidades e respeite-se a dignidade humana!  Se fosse só uma escassa minoria a passar mal, poder-se-ia sugerir que isso seria um problema pessoal de alguns indivíduos falhados. Mas essa situação de carência parece ser muito mais generalizada, e, neste caso, isso deve-se a uma rotura no sistema, e não é culpa das vítimas. 

15 Portanto a DIGNIDADE DAS PESSOAS SEM EMPREGO E EM SITUAÇÃO PRECÁRIA FICA INTACTA, E NÃO TÊM NADA QUE MENDIGAR. É DEVER DO ESTADO DE PROMOVER E LIDERAR UM MOVIMENTO DE SOLIDARIEDADE NACIONAL,  A FIM DE MANTER A DIGNIDADE E RESPEITO DA NAÇÃO. EXPULSAR AS CIDADÃS E CIDADÃOS DO PAÍS SERIA COMO EXPULSAR OS FILHOS DE CASA NA ALTURA EM QUE ELES SÃO MAIS VULNERÁVEIS. SERIA  EMPURRÁ-LOS PARA UM PRECIPÍCIO. SÓ DEVE IMIGRAR QUEM QUISER, MAS NÃO À FORÇA! 


20 A Folhinha termina com uma nota positiva e de esperança. Portugal precisa de políticos carismáticos, inspiradores e capazes de mobilizar a população em torno de um Projecto de Salvação Nacional no qual  as pessoas acreditem. Para isso é preciso honestidade, coragem política e grande poder de comunicação. A situação do país é catastrófica e é preciso recorrer a mensagens fortes, convincentes e honestas. Antes de tudo é imperativo proceder à limpeza da casa Portugal, seja, banir a corrupção e reavaliar certos salários, reformas e outros privilégios que acorrentam o país. 

Propõe-se que  o subsídio de desemprego seja reduzido para  o rendimento de reinserção social para todos os desempregados, mas atribuído por um período indeterminado, desde que provem que andam genuinamente à procura de emprego. Terão ainda assistência na renda da habitação e auxílio básico e suficiente para as crianças. Isto porque se as pessoas não têm o suficiente para  sobreviverem, ninguém as consegue mobilizar para nada. Em seguida, desenvolver um grande projecto educacional e de requalificação da população.

21 O projecto educacional não só desenvolve novas aptidões na população, uma mais valia de grande utilidade e prazer para as pessoas e para o país, mas também dá esperança, ocupa as formandas/os  e as formadoras/es. Neste projecto convém utilizar o tecido associativo para provisão destes serviços de formação, porque são outlets de proximidade e também diminui a índole formal das escolas.  

Seria importante que os nossos políticos lessem um simples resumo do New Deal do Presidente Roosevelt nos anos 30. Com isto não conseguiu relançar a economia, porque esta parece ter os caprichos da chuva, cai quando quer, mas deu esperança, ocupou as pessoas, pôs tudo em movimento com um projecto de renovação de infra-estruturas,  financiou as artes… Foi porém uma fase muito difícil para muita gente.

22 Last but not least,  lembremo-nos de que Portugal já existia antes de 1143, embora com outro nome, existiu até agora e continuará a existir no futuro. Ultrapassará esta fase complicada. Seria todavia no interesse de Portugal continuar na zona Euro, mas com novas regras, e sempre aberto ao mundo, especialmente aos países Lusófonos, como é a nossa vocação, tradição  e interesse. 


16 Todavia, o Povo Português sempre gostou da aventura e de conhecer outros mundos. Somos um país de DIÁSPORA. Só que a imigração presente é uma imigração na aldeia global e o contacto é LIVE, no momento, agora e já, devido às tecnologias de comunicação de baixo custo e fáceis de aprender: em minutos. O contacto virtual estabelece-se em fracções de segundo! E a distância física também encurtou substancialmente com o  desenvolvimento da rede viária, férrea e generalização do transporte aéreo. Imigrar já não é um drama e até pode ser privilégio e fonte de grande prazer.  

A TODOS OS IMIGRANTES E NÃO IMIGRANTES, A FOLHINHA DESEJA MUITA FELICIDADE E SORTE.
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