A FOLHINHA DE
STOCKWELL 36
LITTLE
PORTUGAL - LONDON UK
O INCOME SUPPORT (Rendimento
Mínimo de Reinserção Social)
Em época de
crise económica, a Folhinha pensa ser importante e útil explicar este assunto
para conhecimento geral, e difundir também para comparação com os sistemas de Países
Lusófonos ou com presença Lusófona.
Embora este
subsídio no Reino Unido possa literalmente ser comparado ao Rendimento Mínimo
em Portugal, o seu significado e aplicação é totalmente diferente neste país de
Estado Social desenvolvido e de grande maturidade. Enquanto que em Portugal,
até há bastante recentemente, praticamente ninguém tinha direito a este
subsídio, no Reino Unido, o Income Support é virtualmente obrigatório em muitos
casos. Por isso, é necessário ter isto na mente, porque os subjectivismos e o pensar
à Portuguesa não funciona neste país anglófono.
Porquê? Por
várias razões. Uma delas é o Estado Social
avançado e de respeito pelo ser humano. Todas estas conquistas sociais foram ganhas através de lutas
travadas pela classe trabalhadora no decorrer do séculos, e tudo continua em
aberto. A Folhinha de Stockwell sabe que estes direitos sociais não caíram do
céu, e não foram oferecidos de bandeja. Por isso, a Folhinha tem grande
respeito e humildade perante todos aqueles que no Reino Unido lutaram no passado,
e novas gerações lutam no presente em defesa
do Estado Social e da dignidade humana. Um país adulto e sapiente é um país que
cuida carinhosamente dos idosos, protege as crianças, ajuda os enfermos, os deficientes,
os desempregados, e cria um meio envolvente de paz e propício à educação das
crianças, adolescentes, sem esquecer a aprendizagem ao longo da vida independentemente
da idade da pessoa. Isto encontra-se bastante desenvolvido no Reino Unido, mas
não terminado, e não garantido. O sistema social inglês está presentemente sob
grandes mudanças devido à crise económica. Mesmo sem crise, os governos estão
sempre a mexer nisso porque há sempre necessidade de proceder a ajustamentos.
Sem mais, a
Folhinha passa à aplicação prática do Income Support. Neste momento (Setembro
de 2011) este subsídio é de 67.50 libras por semana por adulto e 105.95 libras também
por semana por casal. Se tiver crianças outros subsídios e apoios entram em
acção. Estes valores podem ser significantes em Portugal, porque o Euro não
vale muito menos do que a Libra Esterlina e o custo de vida também é caro em Portugal.
Então porque falo de Income Support e não de Subsídio por baixa e de subsídio
de desemprego? O montante é mais ou menos o mesmo, só que se estiver doente
durante muito tempo passa a ganhar mais. Também falo do Income Support porque
se estiver muito tempo doente e se estiver muito tempo desempregado, podem
transferi-lo para este subsídio. Não entrarei em detalhes e logo direi mais
abaixo como obter informação de especialistas.
Outra razão de falar nisto é pelo facto de quem vive neste país tem de estar integrado e
registado em algum lado para poder dizer: penso, existo, logo sou e tenho direitos e
obrigações de cidadão. Está a trabalhar,
desempregado, doente, reformado ou é milionário e vive dos rendimentos. Quem
tem mais de 16 mil libras no banco não tem direito ao IS.
Como funciona
este subsídio? Os funcionários do Estado
Inglês fizeram pesquisa e chegaram à conclusão que o montante de 67.50 libras
por semana é suficiente para um adulto sobreviver. Obviamente que a quantia é
reajustada segundo a inflação. Isto quer dizer que ninguém pode ter menos desta
quantia para viver. Se o seu rendimento pessoal
não atinge isto, então o resto que falta tem de ser complementado com dinheiros do contribuinte, decretado e distribuído pelo Estado.
Por outro lado, terá ainda ajuda no pagamento da renda da casa, porque o IS é
para comer e pouco mais. Não é muito dinheiro, porque os governos também não querem
que as pessoas se habituem ao IS e não queiram bulir. O Income Support não é
uma reforma, mas sim um subsídio temporário até a pessoa resolver a situação
dela e voltar à vida activa, participar na criação de riqueza nacional e também
por razões de saúde mental. Mas se tiver
este subsídio por razões que impedem o regresso à vida laboral, então terão
outros complementos.
Outra noção a
ter sobre os subsídios sociais ingleses é a sua divisão em duas variantes importantíssimas
donde resulta muita incompreensão, frustração e zanga contra o sistema. O
subsídio por baixa e de desemprego podem ser atribuídos, por algum tempo, pela via dos descontos que
fizeram para este fundo. Neste caso recebem as 67.50 por semana
independentemente daquilo que, por exemplo, a sua esposa ganha. Tudo bem.
Mas
o problema surge quando a pessoa fica doente ou desempregada durante certo
tempo e perde o direito ao subsídio pela via do desconto, e passa a ser means tested como o Income Support, mas não ganha os privilégios deste
subsídio, explicados mais adiante. MEANS
TESTED significa que lhe vão pedir os extractos bancários e contar todos os
tostões que entram na sua conta ou na conta do casal, venham donde
vierem. Portanto, se a sua esposa ganhar por exemplo cerca de 125.90
libras por semana, as suas 67.50 libras do Income Support vão ao ar, não lhas
dão. Porquê? Porque os seus descontos acabaram-se e agora passaria a receber
dinheiro vindo dos descontos dos outros, do contribuinte. O casal só precisa de
105.90 libras por semana para viver, portanto não precisa de nada do
contribuinte. Eles não tocam nas
primeiras 20 libras que a sua mulher ganha, porque senão, bastaria ela ganhar
105.90 libras por semana para você não ter direito a nadinha.
O Income Support
é também um subsídio passaporte porque dá-lhe outros direitos, e.g, dentista gratuito, muitos cursos gratuitos
de aprendizagem ao longo da vida, receitas de medicamentos, oculista, free
meals na escola para as crianças, e por aí adiante. É melhor não precisar disto,
mas em tempos de crise qualquer pessoa pode lá cair e isso não é problema
nenhum se for temporário. É de facto uma grande protecção social que tem
ajudado muita gente a sobreviver com dignidade e não pedir esmolas a ninguém. A
Folhinha aconselha a cumprirem à regra os termos que constam na atribuição dos
subsídios sociais a fim de evitarem consequências muito desagradáveis.
Resta agora
fazer o requerimento dos subsídios e o processo tem obviamente alguma burocracia.
Torna-se mais confuso quando as requerentes não falam Inglês. Mas existem em
todas as localidades de Inglaterra centros de apoio gratuitos, entre os quais os
famosos CAB /ci ei bi/, Citizens Advice Bureau, são conhecidos de todos aqueles
que não andam a leste. Em geral não têm falantes de Português. Neste caso terá
de pedir a alguém para a acompanhar e interpretar para si. Há outros centros de
aconselhamento também gratuitos, Advice Centres, com outros nomes. São bons e
úteis. Quando encontrar um destes centros, ou entrar numa biblioteca, peça uma lista com os
centros de apoio da sua área. Pode ainda visitar o website do DWP (Ministério
do Trabalho e Pensões de Reforma). Nas zonas de concentração Lusófona os Advice
Centres podem ter funcionários Lusófonos. Informe-se e lembre-se que uma pessoa
informada vale por duas.
Há aqui agências que nos resolvem estes assuntos, mas as pessoas que estão nos subsídios sociais não ganham suficientemente para utilizarem serviços privados. Apenas lá vão quando não têm alternativa: lá vai o subsídio todo da semana, duma só vez. Por isso, faz-nos muita falta um Centro Comunitário para nos ajudar, e informar sobre os mais variados aspectos da vida cívica e sobrevivência no Reino Unido.
Há aqui agências que nos resolvem estes assuntos, mas as pessoas que estão nos subsídios sociais não ganham suficientemente para utilizarem serviços privados. Apenas lá vão quando não têm alternativa: lá vai o subsídio todo da semana, duma só vez. Por isso, faz-nos muita falta um Centro Comunitário para nos ajudar, e informar sobre os mais variados aspectos da vida cívica e sobrevivência no Reino Unido.