MONARQUIA BRITÂNCIA - MODELO PARA REPÚBLICAS
A Monarquia Inglesa entrou numa onda de modernização, e prova disso foi o casamento do príncipe Williams com uma commoner, a humildade do príncipe e a sua participação activa na vida do país como piloto de operações de salvamento. Mas a Folhinha deixará o tema da Monarquia para escritoras mais famosas, e.g. a autora do Inverno das Raposas. (Já pode ir ao Just In Case, porque a Folhinha mudou os escritórios para London N1 Islington e passará a frequentar o Fig & Olive) Ninguém pode criticar a Monarquia de nada, porque não tem poder de decidir nada, nem de falar sobre certos assuntos. O príncipe Carlos manifesta opiniões veladas de vez em quando. No dia seguinte é a indignação total nas headlines dos jornais, e dizem-lhe para estar caladinho e que guarde as opiniões para ele próprio. Tem porém toda a liberdade de falar da weather.
Na vida prática isto é uma Monarquia superior a uma República. Qual é o país que aceitaria uma manifestação permanente contra a guerra do Iraque mesmo em frente ao Parlamento Inglês? E está lá desde 2001, quando começaram os problemas com o Iraque! Bem, várias vezes tentaram remover o principal líder Brian Haw (faleceu há umas semanas), mas os advogados dele sempre encontraram nas leis alguma cláusula que garantia ao Ian a liberdade de manifestar ali mesmo em frente ao PODER! Qual é o país onde não é obrigatório trazer documentos de identificação e onde nem sequer existe bilhete de Identidade? A Inglaterra. Também não há problemas sobre mudar a Constituição porque aqui não há Constituição! Qual foi o país que descentralizou os serviços dos ministérios: O abono de família está em Belfast, os impostos sobre o rendimento estão em Glasgow, o Rendimento mínimo e subsídio de baixa estão em Preston, as equivalências de diplomas NARIC estão em Gloucester /glócester/ etc..
A sociedade Inglesa está estruturada de modo a servir o cidadão a fim de lhe proporcionar uma vida melhor, pacífica e sem frustrações. A Polícia tem vários comités, um a nível de município e um por cada bairro. Deles fazem parte os moradores, vereadores, a polícia, líderes associativos, e as reuniões estão abertas ao público. A polícia expõe à comunidade os problemas de segurança, ouve as preocupações dos moradores e pede que apresentem as prioridades de segurança. Quando mataram o Brasileiro Jean de Meneses por engano, o comandante Ian Paddick da polícia de Lambeth marcou logo uma reunião de urgência para vir aqui a Stockwell a explicar e sossegar a comunidade portuguesa. Só nisto se vê o progresso democrático do país. Prestam contas ao cidadão.
Existem gabinetes jurídicos de apoio gratuito, sendo os CAB /ci-ei-bi/ os mais conhecidos, embora hajam outros onde poderá ser ajudada a resolver assuntos desde um problema com o senhorio até a conflitos com a companhia das águas, electricidade, bancos, subsídios sociais, de trabalho, etc. Existe também um vasto tecido associativo: Amigos das bibliotecas que ajudam em eventos, angariam fundos e agora terão de lutar contra as câmaras porque estão ameaçadas de fechamento por falta de verbas; Amigos dos parques que zelam pelo bom funcionamento dos mesmos; Comissões de moradores; Vereadores municipais, os quais recebem as pessoas da área deles uma vez por semana para lhes resolver assuntos contenciosos na câmara; Escolas secundárias municipais para pessoas de qualquer idade a partir dos 16 anos, onde poderá aprender Inglês e outras línguas, matricular-se num leque de cursos profissionais e até tirar o 12º ano se quiser. Centros Comunitários de proximidade onde poderá tirar cursos de computadores, aprender Inglês, ter apoio na feitura do seu CV, ter ajuda na procura de emprego, e adquirir aptidões em várias áreas. Exemplo disto é o bastante conhecido Stockwell Community Resources Centre por detrás do metro de Stockwell, ao lado do posto médico. Visite o website deles.
Os Ingleses são excelentes na informação à comunidade: as bibliotecas dispõem de desdobráveis informativos para todo o tipo situação: desde informação sobre doenças, incapacidades e onde se deve dirigir, violência doméstica, protecção às crianças, e todo o tipo de endereços das mais variadas áreas de interesse. Isto são apenas alguns exemplos da densidade do tecido informativo e associativo em defesa de qualquer causa. Last but not least, enquanto que em Portugal a família desempenha muitas vezes o papel da Segurança Social, no Reino Unido existe um leque de apoios sociais ao adulto, assegurando a sua independência, confidencialidade e dignidade.
No entanto, a comunidade Lusófona pouco participa em actividades comunitárias em Lambeth. Esperava-se pelo menos que alguns líderes de associações comparecessem. Não, ninguém aparece. A nossa falta de participação no tecido comunitário deve-se por exemplo, ao nível académico e social da nossa imigração, à barreira linguística, à falta de disponibilidade, e também por Portugal não ter esta tradição democrática, nem ter um tecido organizacional e tradição comunitária comparável ao Britânico. A Democracia Parlamentar secular Britânica saiu do Parlamento e espalhou-se pelo país fora. Em contradição com o acima referido está praticamente tudo quanto segue agora, mostrando que estamos totalmente desfasados do modelo democrático Britânico. Os nossos pseudo-líderes também estão eles e elas próprias totalmente desintegrados/as, não sendo os mesmos modelos para a nossa integração e inclusão social.
Somos em Lambeth uma comunidade recente, e levará algum tempo até termos voz, capacidade e a audácia de reclamar os nossos plenos direitos de cidadania. Por agora a Câmara de Lambeth não tem feito nada pela nossa integração social, não nos tem ajudado na aquisição de capacidades, e não nos ajudam no acesso a postos de revelação das mesmas capacidades. A Folhinha vê nisto uma transgressão flagrante da Lei sobre Oportunidades Iguais e Acção Positiva em vigor no Reino Unido.
A nossa comunidade está a perder muito em apoios de ajuda à integração, e quem vai sofrer mais com isto são os nossos filhos e filhas. Andarão sempre atrasados em relação aos filhos de outras comunidades mais antigas e mais integradas. Não basta só meter professoras assistentes bilingues nas escolas, é preciso também dar muito mais formação aos pais. Não é bom para as crianças chegarem aos sete anos de idade e já saberem mais do que os pais! Que modelos de pais são esses para as filhas e filhos, e consequências negativas no desenvolvimento das crianças. Isto custa a dizer, as pessoas não gostam de ouvir, mas a Folhinha tem a coragem e a frontalidade de dizer as verdades, Certamente que as professoras aplaudem estas linhas.
A nossa comunidade está a perder muito em apoios de ajuda à integração, e quem vai sofrer mais com isto são os nossos filhos e filhas. Andarão sempre atrasados em relação aos filhos de outras comunidades mais antigas e mais integradas. Não basta só meter professoras assistentes bilingues nas escolas, é preciso também dar muito mais formação aos pais. Não é bom para as crianças chegarem aos sete anos de idade e já saberem mais do que os pais! Que modelos de pais são esses para as filhas e filhos, e consequências negativas no desenvolvimento das crianças. Isto custa a dizer, as pessoas não gostam de ouvir, mas a Folhinha tem a coragem e a frontalidade de dizer as verdades, Certamente que as professoras aplaudem estas linhas.